A passagem da tempestade pós-tropical Gabrielle pelos Açores continua a marcar a atualidade, deixando já um rasto de destruição em várias ilhas. O fenómeno meteorológico, que chegou ao arquipélago como furacão de categoria 1 antes de perder intensidade, provocou oito desalojados e mais de 100 ocorrências registadas, sobretudo quedas de árvores, destelhamentos e danos em infraestruturas.
De acordo com o Governo Regional, até às 07h00 locais (08h00 em Lisboa) foram contabilizadas 103 ocorrências, das quais 49 já resolvidas e 54 ainda em curso. Os desalojados encontram-se distribuídos por São Jorge (4), Faial (3) e Graciosa (1), sendo que todas as situações foram rapidamente acompanhadas pelas autoridades. A Proteção Civil açoriana permanece no terreno em articulação com bombeiros, forças de segurança e serviços municipais.
Um dos episódios mais graves foi registado na Graciosa, onde a aerogare sofreu danos significativos na cobertura. O secretário regional do Ambiente e Ação Climática, Alonso Miguel, alertou que os estragos poderão comprometer temporariamente a operação aérea da SATA Air Açores, afetando os cerca de 4.100 habitantes da ilha.
No que diz respeito à intensidade do fenómeno, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) confirmou que a rajada mais forte atingiu os 154 km/h, embora a precipitação acumulada tenha sido relativamente baixa. Segundo a meteorologista Elsa Vieira, a tempestade deverá perder força de forma gradual a partir desta sexta-feira, sobretudo no grupo Ocidental (Flores e Corvo), onde já apenas se mantém o aviso para a agitação marítima.
Apesar da diminuição da intensidade prevista, a situação de alerta decretada pelo Governo Regional mantém-se até ao final do dia, com serviços públicos não urgentes encerrados e várias atividades suspensas. Entretanto, o ciclone Gabrielle segue agora em direção ao continente português, onde se espera que provoque chuva, trovoada e forte agitação marítima a partir de sábado, especialmente no litoral oeste.