No editorial que assina na revista Dragões, André Villas-Boas lança desafios aos rivais e afirma que o FC Porto assume um papel de liderança na discussão de temas estruturais, como a centralização dos direitos audiovisuais, o combate à pirataria, a sustentabilidade financeira, a transparência na gestão e a defesa da justiça competitiva
No editorial que assina na revista Dragões, André Villas-Boas garante que perante qualquer desafio ou adversidade, o FC Porto permanecerá fiel aos seus valores de lealdade, determinação e exigência.
«Como muito apropriadamente disse o nosso técnico, Farioli, na sua língua natal, somos uma famiglia. A família Portista. É nesta união granítica que reside a nossa diferença. Não permitiremos que ameaças, insinuações ou pressões mediáticas, ou de outra ordem, afetem o nosso propósito de vencer. Olhemos para os desafios com a determinação que a nossa História nos merece e o futuro nos exige. Se a determinação é a nossa marca, a exigência é o nosso método, diário», sintetizou.
Acresce um nacional-facciosismo que vai permitindo que o centralismo se instale cada vez mais despudoradamente, seja à boleia de um sistema mediático saturado que mais polui do que vai esclarecendo, seja através de santas alianças na segunda circular que visam enfraquecer o FC Porto os seus valores e princípios
Num contexto de crescentes pressões financeiras, regulação complexa e ameaças à verdade desportiva, Villas-Boas defende que o FC Porto assume um papel de liderança na discussão de temas estruturais, como a centralização dos direitos audiovisuais, o combate à pirataria, a transparência na gestão e a defesa da justiça competitiva. O líder portista destaca ainda a necessidade de combater práticas como o tráfico de jogadores menores, as multipropriedades de clubes e a entrada de capitais de origem duvidosa no futebol português. Pelo meio, fala de «santas alianças» na segunda circular que visam enfraquecer o FC Porto os seus valores e princípios.
«O futebol atravessa uma encruzilhada carregada de desafios que colocam mesmo em questão, em várias vertentes, a sua integridade. Assistimos a movimentos que procuram impor ambientes permeáveis a interesses ilegítimos, desvirtuando a verdade da competição.
Aos interesses de investidores, de origem dúbia, que teimam em tentar entrar à força no futebol português, ao nevoeiro que paira no ar sobre apostas desportivas de intervenientes diretos no jogo, como recentemente vimos no caso da NBA e do futebol turco, acresce um nacional-facciosismo que vai permitindo que o centralismo se instale cada vez mais despudoradamente, seja à boleia de um sistema mediático saturado que mais polui do que vai esclarecendo, seja através de santas alianças na segunda circular que visam enfraquecer o FC Porto os seus valores e princípios. A centralização dos direitos audiovisuais, a incapacidade das estruturas ligadas à organização das competições e à arbitragem de valorizarem consistentemente a verdade desportiva, o tráfico de jogadores menores de idade, as multipropriedades de clubes, ou a proveniência de capitais dúbios nas sociedades anónimas desportivas são temas e frentes onde temos de estar vigilantes e atuantes», resumiu.
Villas-Boas sublinha a importância de um modelo de gestão sustentável, apontando o seu próprio percurso como exemplo. A operação Dragon Notes e o rigor financeiro, que diz já serem replicados por outros clubes, inclusivamente «os rivais», demonstram ser possível alcançar sucesso desportivo e económico: «O nosso case-study de gestão é a nossa melhor arma. Fomos pioneiros e hoje, de forma renovada, demonstramos que o sucesso financeiro e o rigor das contas não são vetores antagónicos, mas uma obrigatoriedade. A operação Dragon Notes é agora copiada pelos nossos maiores rivais.
O FC Porto alegra-se de ter colocado o nome da indústria do futebol português junto a parceiros de peso na banca internacional, com visão e abrangência na reestruturação e solidificação das Sociedades Desportivas. Nos debates sobre reformas estruturais, insistiremos que o futuro do futebol passa por práticas de gestão mais transparentes, pelo cumprimento do Fair Play financeiro e pela defesa da integridade das competições, e não pelo endividamento crónico ou pela criação de estruturas de privilégio, contrários à sã concorrência e aos valores do desporto. »
 
					





 


